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Quais três gravações referenciais da música eletroacústica feita por brasileiros? Pedimos que o compositor e professor Jorge Antunes, de Brasília, indicasse as obras mais representativas.
José Maria Neves: UN-X-2
Recomendo essa obra, porque ela foi a única peça eletroacústica realizada pelo compositor José Maria Neves. Foi composta em Paris, em 1971, no Estúdio do Centre American. Esse estúdio era bem precário, com gravadores Revox e poucos recursos tecnológicos. O compositor desenvolveu trabalho artístico importante com apenas três sons: o de um temple-block, o de um violoncelo e o de um trêmulo de vibrafone. O compositor levava à Europa a chamada “Estética da Precariedade”, típica dos precursores latino-americanos dos anos 1960, em que a pujança musical, com recursos técnicos pobres, dava origem a uma estética que se sobrepujava à dos “enlatados” europeus e norte-americanos.
Eduardo Reck Miranda: Sacra Conversazione
Recomendo essa obra, porque ela utiliza, de modo magistral, os novos recursos de síntese e de ressíntese da voz humana. Reck Miranda é compositor da geração que hoje está na faixa dos 40 anos de idade. Além de grande músico, é cientista da área de Sonologia, disputadíssimo pelas Universidades e empresas de áudio. Ele vive há décadas na Europa, mas mantém seus laços com o Brasil e com a nossa cultura.
Rodrigo Cicchelli Velloso: Espaço de Outono
Rodrigo é o nome mais importante da música eletroacústica carioca da atualidade. É outro nome importante da geração que hoje está na faixa etária dos 40 anos. Ele é figura de proa no estupendo trabalho didático e de pesquisa da Escola de Música da UFRJ. Recomendo essa obra dele, porque a peça, como um poema sinfônico, retrata uma paisagem da natureza com o uso inteligente de técnicas de filtragem e tratamentos especiais da matéria eletroacústica.
Todas estão incluídas na Coletânea de Música Eletroacústica Brasileira, estojo com 5 CDs editado em 2009 pela Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica
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