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Augusto Gomes, iG São Paulo | 27/05/2010
A quarta turnê de Cat Power pelo Brasil chegou ao fim. Depois de se apresentar no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e interior paulista, a artista americana (seu nome verdadeiro é Chan Marshall) fez a quinta e última apresentação da série de shows num Bourbon Street completamente lotado, em São Paulo. A performance não foi muito diferente das quatro anteriores: um repertório composto basicamente de versões bem pessoais de músicas de outros artistas, interpretadas de modo intenso pela cantora.
À primeira vista, a atual turnê não teve maiores diferentes das duas passagens anteriores da cantora pelo Brasil, em 2007 e no ano passado. Afinal, eram quase as mesmas canções, já que todos os shows foram baseados no disco Jukebox, lançado no início de 2008. Mas houve algumas mudanças. A principal é Chan agora está acompanhada de uma versão reduzida de sua Dirty Delta Blues Band. Na maior parte do tempo, há apenas um guitarrista e um tecladista com ela no palco – numa música ou outra, um baterista junta-se ao trio.
Resultado: é uma performance mais sutil mas ao mesmo tempo mais poderosa, porque a eliminação dos acompanhamentos deixou o poder da voz (e da presença) de Chan ainda mais evidentes. Nesse sentido, os shows lembraram a primeira vez que a cantora veio ao Brasil, em 2001. Naquela ocasião, ela subia ao palco sozinha, acompanhada apenas de sua guitarra, tão desamparada que às vezes interrompia músicas no meio e ameaçava chorar. A performance no Bourbon Street teve um pouco dessa sensação de fragilidade.
Agora, diferença é que, mesmo frágil, a cantora está feliz. E isso ficou bem evidente no show de ontem, em que ela, superando sua natural timidez, interagiu com o público o tempo todo e, no final da apresentação, até distribuiu flores e frutas para a plateia. A simpatia compensou a falta de bis e um set list que deixou de fora músicas mais conhecidas. Dos seus maiores sucessos, só apareceram “Metal Heart”, “The Greatest” e “I Don’t Blame You”. No restante do show, covers como “Woman Left Lonely”, “Sea of Love” e “Satisfaction” dominaram.
Quem estava perto do palco aproveitou esse clima intimista, a simpatia da cantora, os detalhes de sua interpretação. Era a parcela do público que estava interessada no show – quando Chan percebeu isso, acertadamente cantou só para eles. Já nas laterais e fundo da casa, o público estava mais interessado em beber e conversar, indiferente à sutileza da performance. Mesmo tendo pagado entre R$ 120 e R$ 270 só para entrar.
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